sábado, 26 de março de 2011

Made in Brazil

O estereótipo da mulher brasileira no exterior é conhecido: morena, lábios carnudos, quadril largo, voz sexy e, o mais importante, puta. Pois é, essa agora sou eu. Travestido e sem pudor algum, entrei no Brazil Cupid, um site de relacionamentos entre gringos e brasileiras. Sou uma estudante de 24 anos, do Rio de Janeiro, interessada em amizade – ou algo mais, quem sabe – com homens de 25 a 55.
A tarefa de buscar as fotos foi complicada. Pedi a algumas amigas. Sabe-se lá porque nenhuma delas aceitou ter sua imagem vinculada a uma brasileira em busca de estrangeiros experientes... Apelei para o Orkut. Queria alguma coisa bem clichê, que dissesse “sou inteligente, mas tô facinha”. Achei a mulher perfeita na comunidade “Eu tenho bunda grande”. Que tipo de mulher entra numa comunidade dessas? Talvez o mesmo tipo que coloque fotos de camisola e com uma calcinha disfarçada de short. Perfeito. Se a conversa esquentar, já tenho material pra enviar pros meus futuros amigos estrangeiros.
Achei engraçado o site não permitir o upload de fotos onde não apareça claramente o rosto. Uma boa maneira de impedir putaria explícita.
Já recebi um email. É de um negão francês, que fala todas as línguas do mundo, tem 3 metros de altura, é rico, pratica esportes, se alimenta bem e tem todas as qualidades possíveis a um ser humano. Realmente, deve ser difícil para uma pessoa assim achar um parceiro no dia a dia... Mesmo desconfiando de se tratar de um vigarista que apenas quer se aproveitar de mim, cliquei em “mostrar interesse”. Vai que é o homem da minha vida, né.
Mais difícil que encontrar as fotos foi explicar ao amigo que mora comigo porque eu estava acessando um site de paquera e dando mole pra um negão. Ele passou bem na hora que eu tinha aberto as fotos do cara. “É um trabalho, tenho que me infiltrar nesse site com um perfil fake e estudar o comportamento das pessoas.”, disse a ele. Em seguida mostrei minha foto, e fui obrigado a ouvir o comentário: “desse jeito até eu te comia, parceiro.”

Por: Eduardo Butter.

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