domingo, 5 de junho de 2011

Mr. Postman não entrega mais cartas de amor


Mesmo com a agilidade da internet, redes e sites de paqueras fazem o amor esperar


Por Vinícius Cunha

A jovem que espera ansiosa a chegada do carteiro em “Please Mr. Postman”, música da dupla The Carpenters, não existe mais. Os tempos são outros e certamente ela está atualizando sua caixa de e-mail com igual esperança.
O namoro entre Louise e Daniel começou no eHarmony

Louise Rodrigues, 21 anos e moradora do Rio de Janeiro, conhece bem essa espera. Começou o relacionamento com Daniel Moraes, paulista, de 20 anos, sob a ansiedade de mensagens que apareceriam em seu eHarmony - site de namoro cristão baseado em testes psicológicos que filtra homens e mulheres solteiros para relacionamentos de longo prazo.

O casal que seguiu a comunicação passo-a-passo trocou muitas mensagens e, depois de um mês, começou a conversar por e-mail e messenger. “Senti uma ligação imediata desde a primeira troca de mensagens e depois de três meses falando ao telefone não pude mais aguentar”, afirma Louise, que classifica como “indescritível” o encontro com Daniel depois de quatro meses de namoro virtual.

A paquera de Louise e Daniel poderia nem ter começado caso seus perfis não fossem apontados  compatíveis pelos algorítimos do eHarmony. Ou, antes mesmo de se tornar real, acabar num “delete”. Para  encontrar a pessoa dos sonhos, é essencial ter perfil benfeito e atraente, além da escolha correta da rede de relacionamentos. Risco que Ana Cristina Vieira e Marcos Alexander, 30 e 34 anos, respectivamente, viveram quando se conheceram pelo Par Perfeito - site de encontros e relacionamentos pioneiro no Brasil. “Sempre fiquei na defensiva e com muito receio do que poderia vir a acontecer. Testava Marcos de todas as maneiras e, em vez de agilizar, só demorei mais para me relacionar, pois tinha muitos perfis a serem vistos”, diz a programadora Ana, que passou quase um ano em conversas pela internet e por telefone antes do encontro. Para Marcos, a seleção foi mais simples: “Depois do primeiro filtro do site, Ana apareceu na página principal e senti algo especial. Era ela”, afirmou.

Antes uma obrigatoriedade, o “olho no olho” foi perdendo espaço para a virtualização. O teclar passou a ser o primeiro passo dos relacionamentos atuais.  O contato físico/visual é adiado pela necessidade de “conhecer melhor” o futuro parceiro, adicionando estágios até que o encontro aconteça. Segundo Cristina Rego Monteiro, especialista em Mídias Digitais da UFRJ, o “refugo” apenas aumentou. “O teclado, o mouse e a tela estenderam, ao invés de comprimir, as preliminares de um relacionamento,indo contra a maré da rede”.

Marcos chegou até ser mais cauteloso que sua parceira: “Como tenho um filho, o Matheus, de 5 anos, encontrar uma pessoa que aceitasse essa situação era fundamental. Entendo a defesa de Ana, porque não sabia quem estava do outro lado da tela. Tinha de pensar pelo meu filho e por mim”. Ana até esboçou resistência ao saber de Matheus, mas no fim das contas, além de um companheiro ganhou uma família. “Acolhi o filho de Marcos como meu e hoje somos um casal mais feliz do que pensávamos”, disse.

O corretor de imóveis e a programadora fizeram da máquina um espelho para seus relacionamentos virtuais, o que é perfeitamente adequado segundo a especialista:  “Quando está na rede, a pessoa procura parceiros que atendam suas expectativas.” Os sites de paquera provaram sua eficácia ao longo do tempo que estão na rede.“Ana era tudo que eu queria e sei que só a conheci graças à internet”, disse Marcos seguido pela amada: “Parece clichê, mas achei meu par perfeito”.

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