domingo, 5 de junho de 2011

A tecnologia do acaso


Pedro Couto


Depoimentos de casos de sucesso disponibilizados pelos sites de paquera sempre revelam alguma curiosidade. Entretanto, se existe algo frequente nessas histórias, são as várias menções ao poder do destino na união daquele casal e como o encontro do pretendente certo foi causal. Porém, engana-se quem pensa que tudo o que acontece nesses sites de namoros é por acaso.

A competição entre as empresas de sites de paquera é extremamente forte e gerou, apenas nos Estados Unidos, US$ 1,2 bilhão em 2008. Os dados são de uma pesquisa recente da firma de investimentos Piper Jaffray, que estima que o gasto dos americanos com esses sites suba para US$ 1,7 bilhão até 2013.

O website Chemistry.com – uma ramificação do Match.com (acesse o site) – elaborou um estudo da química neural das pessoas apaixonadas (artigo da pesquisadora). O teste de 56 perguntas que Helen Fisher, professora da Universidade Rutgers, elaborou para o site, ajuda a identificar padrões de compatibilidade química e psicológica. Assim, seria possível traçar perfis mais adequados para o usuário em questão.

Se 56 perguntas parece muito, o eHarmony (acesse o site) vai muito além desse número. O site tem um formulário de 258 perguntas, que leva cerca de uma hora para ser completado.


Contudo, nada parece superar a utilização de material genético para identificar os parceiros mais compatíveis. Por US$ 99, o GenePartner.com (acesse o site) oferece o envio de um kit para o interessado esfregar no interior de sua bochecha. A amostra é enviada de volta à empresa, com sede na Suíça, e o usuário recebe uma identidade GenePartner. Após o resultado da análise do DNA, é possível – por uma taxa extra – pesquisar seu parceiro geneticamente adequado no site da empresa.


Com base nos depoimentos, se não fosse pela curiosidade ou pelo estímulo de alguém próximo, muitas pessoas nunca procurariam sua alma gêmea em portais de paquera. São raros os usuários que afirmam desde o início acreditavam no potencial do relacionamento virtual. A maioria começou a teclar por pura brincadeira ou casualidade.

No depoimento de um casal não identificado (perfil do casal), a aproximação dos dois foi feita com certo receio, sempre questionando se a investida daria certo. O processo de conhecimento saiu do virtual para o real lentamente. “Iniciamos contato no e-mail de nosso perfil, depois através de celular, posteriormente nossos telefones fixos e, adquirindo confiança, espontaneamente marcamos um encontro pessoalmente”, afirmam. Os dois se casaram em dezembro de 2010.

Os sites de namoros também colaboram para um relacionamento entre pessoas de outros países. É o caso de uma brasileira, que residia em Londres, com um peruano (perfil do casal). Ela conta que estava sem nenhuma intenção de encontrar alguém, mas em dois dias já tinha recebido, entre outras, a mensagem do seu pretendente. A naturalidade do estrangeiro conquistou a brasileira. “Depois de um mês de namoro on-line, fui para Lima encontrar-me com ele. Num abraço emocionado ficamos seguros de que o tempo já nos tinha dado o conhecimento necessário”. O casamento está marcado para julho de 2011.

Os espaços virtuais de relacionamento ajudam inclusive os usuários divorciados que estejam em busca de reconstruir a família. Fernanda e Sandro (perfil do casal), são exemplos deste caso. “Eu nunca acreditei em amor pela internet, mas estivemos buscando a direção de Deus e tivemos vários sinais de que Ele estava movendo sua mão”, disse Fernanda, separada há três anos. Quando deram o depoimento ao site, eles já tinham mais de cinco meses de casados.

O sucesso de um relacionamento iniciado num site de paquera pode ser creditado ao destino, a um acaso da natureza virtual. No entanto, cada vez mais, uma estrutura tecnológica altamente capacitada que projeta com rigor científico os pares que está sendo usada para medir o potencial de evolução amorosa. 

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