segunda-feira, 6 de junho de 2011

Virtualidade real da nova geração


Por Juliana Moreira

O número de jovens brasileiros que já namoraram pela internet é maior do que se imagina. Uma geração que cresceu na era digital hoje usa essa ferramenta a seu favor em uma tentativa de criar outras vias para tratar de um assunto complexo que é relacionamentos amorosos. Uma pesquisa feita pelo Habbo Hotel, a maior comunidade virtual voltada para o público jovem do mundo, indicou que 88% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já tiveram esse tipo de relacionamento, enquanto uma porcentagem menor, de 74%, namoraram “na vida real”.  

Não se deixe enganar pela virtualidade do processo. O romantismo ainda existe. A mesma pesquisa diz que 76% dos entrevistados acreditam que a era digital interferiu no romantismo de uma forma positiva, criando novas possibilidades. “É difícil ter certeza sobre quem está do outro lado”, diz Felipe da Silva, de 19 anos, usuário de sites de relacionamento há seis meses. “Quando me inscrevi no Par Perfeito, eu tinha dúvidas sobre no que isso podia dar. Fiquei um pouco apreensivo, mas logo fiz amizades, e quem sabe, no futuro elas possam acabar se transformando em algo mais”, explica.

A transição do campo físico para o on-line acarreta em uma série de novas mudanças no processo da conquista. A aparência física, por exemplo, que antes era tida como um dos fatores precurssores dos relacionamentos, hoje deu lugar a outros, como uma boa conversa. A beleza passa a ser um detalhe, e as pessoas se permitem ir além da superficialidade. “Eu acredito que as barreiras do mundo real não têm tanto espaço na internet. Na verdade, acaba sendo mais importante se a pessoa escreve certo do que se ela tem corpo escultural, entende? Acho que abre o leque para que outras coisas também sejam importantes”, explica Tiago Prux, de 24 anos. Ele nunca se inscreveu em sites específicos de namoro virtual, mas conheceu uma menina que se tornaria sua namorada no site de hospedagem de fotos “Fotolog”. “Ela era do Rio de Janeiro, eu de Porto Alegre. Apesar dela ser linda, não foram as fotos que mais me chamaram atenção, e sim um perfil em que ela se descrevia. Quando li, sabia que tinha que conhecê-la, mas não imaginava que resultaria em seis anos de história”, conta.

Porém, está enganado aquele que pensa que a internet é o “refúgio das pessoas feias”, e que sites de relacionamento são para os fracassados que não conseguiram uma namorada “na vida real”. Os jovens vêem na oportunidade de conhecer alguém através do computador algo bem prático e funcional. Nem todo mundo quer passar horas se arrumando para encontrar qualquer pretendente. “Já passei madrugadas inteiras conversando com alguns caras na internet. Eu estava de pijama, completamente descabelada e ainda assim conheci muita gente legal. Nunca poderia fazer isso fora do universo online”, conta Ísis Santos, estudante de 22 anos, que depois do término de um relacionamento de cinco anos resolveu se aventurar e conhecer alguém pela internet. Para ela, um encontro a dois é sempre legal, mas nesse caso antes é preciso saber se valeria a pena sair com aquela pessoa.

Os jovens conseguem usar a internet como um verdadeiro laboratório social, e isso acaba facilitando a tentativa de se expressar de uma forma mais livre e criativa. Ísis é defensora de que a identidade é revelada com mais facilidade no campo virtual. “Fico mais confortável em ser eu mesma on-line. Sinto menos cobranças. Pode não ser algo relacionado a minha personalidade, nem a da pessoa com quem estou conversando. Acredito que as condições em que o meio em si atua, as facilidades que a tecnologia dispõe, interfere de uma forma positiva nisso tudo.”

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